"Há algum tempo não muito longínquo, em momentos em que estaria a viver a maternidade na sua plenitude, no decorrer dos 9 meses que duraram a licença de maternidade da minha filha mais nova, que tem agora um ano, senti-me uma puta. Não uma puta qualquer, mas uma Puta Dona de Casa. Nessa altura refleti bastante sobre as mulheres e sobre a forma como são frequentemente apelidadas de putas. "Aquela gaja é uma puta", ouve-se frequentemente, em vários contextos, em vários meios e situações. De facto, nessa altura, não me sentia uma puta qualquer, mas sentia-me uma Puta de uma Dona de Casa.
Uma puta. Uma denominação social criada para identificar a mulher que se envolve sexualmente com homens em troca de dinheiro ou bens materiais. São criticadas pelo facto de oferecerem o seu corpo, de se "venderem", de oferecerem serviços sexuais e serem pagas em troca. As putas das donas de casa não. São aceites e muito bem vistas, até. Cozinham, lavam, passam. Tratam dos filhos, dos cães e dos periquitos. Regam as plantas, cuidam do jardim e alimentam os peixes. Lavam as sanitas, limpam os vidros e o pó. Mudam as camas, sacodem os tapetes e tratam da arrumação e organização da casa. Vão às reuniões da escola dos filhos, vão ao médico e às vacinas. São muito prendadas, mulheres dedicadas. Um primor!
As putas, mesmo putas não são aceites. São rejeitadas, julgadas pela sua liberdade de escolha e de opção. Pela liberdade assumida de decidirem que querem ser putas ou, em alguns casos, pela mera errónea assumpção de que todas são putas porque querem. Putas putas ou putas donas de casa, ambas vivem solitárias, presas no seu pensamento ilusório e sonhador. Querem ser felizes. As putas das donas de casa sonham com um homem que as cuide, que chegue cedo a casa, que as oiça, sonham com a partilha diária de vivências e experiências, de sentimentos e reflexões. Mas vivem com homens que que saem de madrugada e chegam de noite. Vivem com homens que não estão. Que vivem para trabalhar e para ganhar dinheiro, com homens que negligenciam o lado lúdico e prazeroso da vida e da relação a dois. Quando manifestam a sua insatisfação, são previsivelmente surpreendidas com a resposta "trabalho para pagar as contas". E nós, somos o quê? As putas que estão em casa.
Há momentos que nos querem, há momentos que nos desejam, mas nesses momentos queremos continuar solitárias, porque não há relação, não há ligação, não há partilha verdadeira, profunda, sincera. As putas mesmo putas sexualizam (só para não chocar com a palavra fodem), envolvem-se. Não precisam de conteúdo, de ligação, de partilha ou de profundidade. Só do corpo necessitam. É essa a troca. Corpo - dinheiro. Está feito. As putas das donas de casa, tão primorosas e dedicadas, trabalham em casa em troca de contas pagas. Quando cedem e se envolvem sexualmente, fazem-no, muitas vezes por obrigação, por fazer parte do "contrato". É assim que tem que ser, é assim que deve ser.
Existem putas donas de casa que se revoltam, que se fartam de ser putas nestes moldes. Procuram alguém. Alguém que cuide delas, que as trate como mulheres. Então, passam a ser putas porque se envolvem com homens - que não o marido - em troca de prazer. Sim, prazer. Também são consideradas putas aquelas mulheres que se envolvem sexualmente com homens em troca de prazer. Que se entregam por mero prazer. Estas também são, e muito, criticadas.
Compreendo agora que nós, mulheres, somos todas umas "putas". Mesmo as Putas das Donas de Casa.
As putas, mesmo putas não são aceites. São rejeitadas, julgadas pela sua liberdade de escolha e de opção. Pela liberdade assumida de decidirem que querem ser putas ou, em alguns casos, pela mera errónea assumpção de que todas são putas porque querem. Putas putas ou putas donas de casa, ambas vivem solitárias, presas no seu pensamento ilusório e sonhador. Querem ser felizes. As putas das donas de casa sonham com um homem que as cuide, que chegue cedo a casa, que as oiça, sonham com a partilha diária de vivências e experiências, de sentimentos e reflexões. Mas vivem com homens que que saem de madrugada e chegam de noite. Vivem com homens que não estão. Que vivem para trabalhar e para ganhar dinheiro, com homens que negligenciam o lado lúdico e prazeroso da vida e da relação a dois. Quando manifestam a sua insatisfação, são previsivelmente surpreendidas com a resposta "trabalho para pagar as contas". E nós, somos o quê? As putas que estão em casa.
Há momentos que nos querem, há momentos que nos desejam, mas nesses momentos queremos continuar solitárias, porque não há relação, não há ligação, não há partilha verdadeira, profunda, sincera. As putas mesmo putas sexualizam (só para não chocar com a palavra fodem), envolvem-se. Não precisam de conteúdo, de ligação, de partilha ou de profundidade. Só do corpo necessitam. É essa a troca. Corpo - dinheiro. Está feito. As putas das donas de casa, tão primorosas e dedicadas, trabalham em casa em troca de contas pagas. Quando cedem e se envolvem sexualmente, fazem-no, muitas vezes por obrigação, por fazer parte do "contrato". É assim que tem que ser, é assim que deve ser.
Existem putas donas de casa que se revoltam, que se fartam de ser putas nestes moldes. Procuram alguém. Alguém que cuide delas, que as trate como mulheres. Então, passam a ser putas porque se envolvem com homens - que não o marido - em troca de prazer. Sim, prazer. Também são consideradas putas aquelas mulheres que se envolvem sexualmente com homens em troca de prazer. Que se entregam por mero prazer. Estas também são, e muito, criticadas.
Compreendo agora que nós, mulheres, somos todas umas "putas". Mesmo as Putas das Donas de Casa.
É mesmo isto!
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