segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A vida no fio da navalha

Andamos feitos tontos, distraidos na correria do dia a dia. Preocupados com o que podemos decorar a nossa vida, por vezes sem lhe darmos o devido valor. Perdemos amizades que não soubemos valorizar. Perdemos amores que não soubemos cuidar. E diariamente vamos quebrando laços, desvalorizando o que é mais importante, a vida. E ontem perdi um amigo. Tinha 25 anos. Não estava com ele com frequência, nem tampouco me recordo quando o vi pela ultima vez. Mas lembro-me que o fui ver quando ele nasceu, poucas semanas depois do meu irmão nascer. Lembro-me de fotografias dele bebé com o meu irmão e o meu primo na nossa casa de praia, e dele ser loirinho e de estar com um fato de treino cor de rosa. Recordo-me do seu fanatismo pelo FCP. Lembro-me de irmos no carro, eu, ele e o meu irmão a cantar aos berros as canções dos Dzrt. Lembro-me das palavras inteligentes que me soube dar com os seus tenrinhos 20 anos, numa altura em que eu acreditava que podia morrer por amor. Recordo-me de grandes noitadas, e de gargalharmos, gargalharmos gargalharmos.
Nunca, mas nunca nenhum filho deveria de "partir" antes dos pais, é anti natura, é hediondo e cruel. Não há palavras que colem os cacos em que fica o coração de uma mãe ou os farrapos de um pai. E ficam por vezes avós, irmãos, tios, primos e os amigos que são a familia do dia a dia, desfeitos.
É a vida no fio da navalha. Vivida por vezes no limite e sem limites, no limiar da fragilidade. É a morte injusta, de alguem, um dia, algures.
 
 

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